domingo, 7 de setembro de 2008

sábado, 6 de setembro de 2008

terça-feira, 19 de agosto de 2008

A lição em se perder

Hoje a seleção brasileira de futebol masculino perdeu para o selecionado argentino a chance de disputar o Ouro Olímpico. Nada muito bom, mas bastante previsível. Fico me perguntando por que acho que era previsível.

Veio-me na cabeça a imagem de Didi, no final da Copa de 58, indo lá no fundo das redes, com uma calma de campeão e meio que dizendo para todos que o negócio é só jogar o bom futebol que a coisa se resolve. Mas depois veio a imagem da seleção de 82 e aí eu compreendi porque não consigo perdoar estas seleções toscas de hoje.

A seleção de 82 perdeu a Copa mas entrou para história. É o que lembramos: a beleza, o time, a poesia do futebol. Hoje o que se faz é um futebol burocrático, cheio de marketing e estrelismo. É isso que não perdoou.

Perder todos perdem um dia, mas ser um time do imaginário brasileiro poucos conseguem. E não são os títulos que fazem entrar no imaginário. Eu não me lembro muito bem da seleção de 94, um pouco mais de 2002. Mas a de 70 e 82 que só vi pelo videotape me enchem os olhos. Não existe mais futebol brasileiro hoje. O que existe são malabaristas, operários ou marketeiros. O craque brasileiro é mantido hoje para que vivamos num mundo de ilusão. Enquanto vivemos nessa Matrix, os pequenos times caem na falência, a formação de base é vendida a atacado ao veroz mercado europeu, a cultura do futebol é cada vez mais preto-e-branco porque essas cores que nos oferecem são descatáveis.

Hoje percebi que meu luto não é de hoje. Zé Miguel Wisnik se perguntou por que as pessoas gostam de acusar o futebol de "pão e circo" e não se perguntam "como a criatividade do brasileiro, tão evidente no futebol e na música, não aparece em outras áreas do cotidiano?" O meu luto é que o futebol brasileiro é um futebol qualquer só que mais pobre que europeu.

Ainda bem que não se vende jovens sambistas com diretos federativos.

A maior lição que a seleção de 82 nos ensinou é que a imaginação cria a memória. Mas quem quer aprender tolices como essa?

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

O melhor da Olimpiada #01

Uma das coisas boas nesta Olimpiada é que não passa só na Globo. Mesmo que a Bandeirantes não esteja fazendo uma transmissão brilhante, é muito bom poder ter a escolha de mudar de canal. Pena que a Copa do Mundo ainda será exclusivo da Globo.

Espírito olímpico na rodada de Doha

Me segurei muito para não assistir à abertura das 29 Olímpiadas da Era Moderna. Primeiro pelo fato do esporte ter se tornado um simples mercado (quase nos esquecemos das nações e lembramos de marcas esportivas). Segundo pelo que o governo chinês faz com algumas regiões, no caso mais claro, o Tibet. Terceiro porque é um momento de exaltação nacional do qual desconfio bastante.

Mas o coração mole é foda. Toda aquela parafernalha da abertura foi bonita, mas nada que me surpreendesse. Retiraram da historiografia toda parte contemporânea e do qual a China Moderna está inserida: a Guerra do Ópio e a revolução comunista e cultural. Mas o que mais me impressionou foi o desfile das delegações. Saber que há muitas nações é uma coisa, ter que assistir a todo o desfile é outra. Realmente dá a dimensão do quanto somos ignorantes sobre o mundo.

No desfile, vemos pessoas de verdade e não nomes estranhos ou comentários depreciativos sobre o tamanho ou excentricidade aos nossos olhos. O mais engraçado é ver os líderes ridículos acenando quando seu país aparece sendo que muitos desses atletas não tiveram um puto de ajuda de seus governos.

Conversando mais tarde com minha irmã Bruna Mara que tem relações diplomáticas como vocação, comentei que o juramento dos atletas e dos arbitros era a cosia mais marcante. Porque no meio daquela festa toda, há um momento solene (e até burocrático mas não esquecido) em que todos juram obedecer as regras que regem cada modalidade e respeitar o espírito olímpico de fraternidade entre os povos. Então a Bruna comentou que se as negociações internacionais fossem feitas assim o mundo seria um lugar um pouco melhor.

Vamos colocar todos os negociantes Olímpiadas de Doha! Imaginem as Olímpiadas de Kyoto!